Policial Atira em Homem com Marreta Durante Surto Psicótico: Câmera Corporal Registra Momento Tenso
Um vídeo impactante, gravado pela câmera corporal de um policial militar, revela o momento em que um agente atira em um homem que portava uma marreta durante um surto psicótico na Zona Sul de São Paulo. O incidente, que ocorreu no último domingo, dia 13 de outubro, na Rua Giuseppe Boschi, no Jardim Miriam, região da Cidade Ademar, culminou na morte do indivíduo, identificado como Maciel.
As imagens mostram o policial, que não teve sua identidade revelada, justificando sua ação ao dizer que atirou para se defender, temendo ser agredido pela marreta. “A gente não sai de casa pra sofrer agressão”, afirma o PM para uma mulher que aparece na frente de uma casa. Ela concorda, respondendo: “Tá certo”. O policial reforça: “Não tinha escolha”, evidenciando o receio de ser atingido fatalmente por um golpe da ferramenta.
Segundo informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o policial e seu colega foram acionados para atender uma ocorrência envolvendo um homem armado com uma marreta, aparentemente em surto psicótico, colocando em risco a segurança de outras pessoas. Ao chegarem ao local, os agentes tentaram conter Maciel, que resistiu à abordagem e partiu para cima de um dos policiais. Diante da ameaça iminente, o PM efetuou os disparos que atingiram o homem no tórax.
Apesar de ter sido socorrido por uma ambulância, Maciel não resistiu aos ferimentos e veio a óbito no hospital. A marreta foi apreendida e a perícia foi acionada para realizar os procedimentos necessários. O caso foi registrado como “morte decorrente de intervenção policial e resistência” na Polícia Civil e na Polícia Militar.
A Ouvidoria da Polícia e o Instituto Sou da Paz, consultados pela reportagem, analisaram o vídeo e ponderaram que, idealmente, o policial deveria ter utilizado primeiro uma arma de choque, como o Taser, ao invés de recorrer diretamente à arma de fogo. Especialistas em segurança pública defendem o uso de armas menos letais para reduzir a letalidade policial em situações como essa.
Por outro lado, a Defenda PM, associação de oficiais militares do estado de São Paulo, e o ex-secretário Nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva, entenderam que o policial agiu em legítima defesa, considerando a rapidez com que o homem avançou em sua direção e a falta de tempo hábil para trocar de arma.
O caso suscita reflexões sobre a atuação policial em situações de crise e a necessidade de protocolos claros para lidar com indivíduos em surto psicótico. É fundamental que os agentes de segurança tenham treinamento adequado e acesso a equipamentos menos letais, a fim de preservar vidas sempre que possível.
Ao mesmo tempo, não se pode ignorar a complexidade e a imprevisibilidade dessas ocorrências, que exigem dos policiais decisões rápidas em condições de alto estresse. A análise minuciosa das imagens e a investigação aprofundada conduzida pelas autoridades competentes serão essenciais para esclarecer todas as circunstâncias que envolveram esse trágico incidente.
A morte de Maciel é uma perda irreparável e um lembrete doloroso da necessidade de aprimorar as políticas de saúde mental e a abordagem das forças de segurança em relação a pessoas em situação de vulnerabilidade psicológica. É preciso investir em capacitação, protocolos e recursos que permitam aos agentes lidarem com essas ocorrências de maneira mais humanizada e menos letal.
Enquanto isso, a sociedade aguarda por respostas e por medidas concretas que evitem a repetição de episódios como esse. Que a morte de Maciel não seja em vão e que seu caso sirva de impulso para uma profunda reflexão sobre a forma como lidamos com a saúde mental e a segurança pública em nosso país.
Fonte: G1 – São Paulo