Uma manhã de terror e revolta. Esse foi o sentimento compartilhado por dezenas de passageiros que vivenciaram uma tentativa de assalto a dois ônibus da Viação Tinguá, na Zona Norte do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (9). O que deveria ser apenas mais uma viagem rotineira se transformou em momentos de pânico e em uma longa espera por justiça na porta da 22ª Delegacia de Polícia (Penha).
O pesadelo começou por volta das 6h20, quando dois criminosos armados abordaram o primeiro coletivo da linha 490 (Miguel Couto-Central), em Irajá. Eles roubaram os pertences de todos os passageiros e, não satisfeitos, embarcaram em um segundo ônibus da mesma linha, na altura do Mercado São Sebastião, na Penha, para continuar a onda de assaltos.
A sequência de crimes só foi interrompida graças à coragem do motorista do primeiro veículo, que alertou policiais do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE). Os agentes iniciaram uma perseguição ao segundo coletivo, que seguia pela Linha Amarela, até que, na altura da Vila do João, em Bonsucesso, uma intensa troca de tiros resultou no baleamento dos dois assaltantes.
Identificados como Kauan do Nascimento Monteiro, de 19 anos, e Brendon Tavares de Oliveira, de 25, os criminosos foram socorridos e levados para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, onde receberam atendimento médico e permanecem em quadro de saúde estável. Enquanto isso, as vítimas, ainda atordoadas com a violência sofrida, se deslocaram para a 22ª DP (Penha) para registrar a ocorrência e buscar a responsabilização dos assaltantes.
A cena na porta da delegacia era de indignação e exaustão. Dezenas de passageiros, muitos deles atrasados para seus compromissos de trabalho ou estudo, formavam uma fila que se estendia por metros, aguardando para prestar depoimento e recuperar seus pertences roubados. A sensação de insegurança e a revolta com a falta de medidas efetivas para coibir a criminalidade no transporte público eram palpáveis entre as vítimas.
Em nota, a Transportadora Tinguá lamentou mais um episódio de violência enfrentado por passageiros e profissionais do transporte público no Rio de Janeiro. A empresa ressaltou que, felizmente, nenhum motorista ou passageiro se feriu durante a ação criminosa e informou que disponibilizou um ônibus para transportar os clientes que foram à delegacia registrar a ocorrência, a fim de evitar mais transtornos.
O caso expõe, mais uma vez, a vulnerabilidade dos usuários do transporte coletivo na cidade do Rio de Janeiro, que convivem diariamente com o medo de se tornarem vítimas da criminalidade. Apesar das operações policiais e das promessas das autoridades, a sensação de insegurança persiste, afetando a qualidade de vida e o direito de ir e vir da população.
Especialistas em segurança pública apontam para a necessidade de medidas integradas e de longo prazo para combater a violência no transporte público, incluindo o aumento do efetivo policial, o uso de tecnologia para monitorar os veículos e a adoção de estratégias de prevenção ao crime. Enquanto essas ações não se concretizam, passageiros e trabalhadores do setor seguem à mercê da ousadia dos criminosos, que agem com cada vez mais audácia e violência.
O assalto desta quarta-feira é um triste lembrete de que a guerra contra a criminalidade no transporte público do Rio de Janeiro está longe de ser vencida. Cabe às autoridades competentes ouvir o clamor das vítimas e da sociedade e adotar medidas concretas para garantir a segurança e a tranquilidade daqueles que dependem dos ônibus para se locomover pela cidade. Afinal, o direito de ir e vir com segurança é um direito fundamental de todo cidadão, que não pode ser subjugado pela ação de criminosos.
Fonte: G1 Rio de Janeiro