Uma trama chocante envolvendo uma técnica de laboratório e um diploma falso veio à tona nesta semana, abalando a confiança nos serviços de saúde e levantando sérias questões sobre a fiscalização de profissionais da área. Jacqueline Iris Bacellar de Assis, que se apresentava como técnica em patologia clínica, tornou-se o centro de uma investigação policial após a descoberta de que ela teria falsificado um diploma de biomedicina para atuar em um laboratório no Rio de Janeiro.
A história começou a se desenrolar quando o PSC Lab Saleme, empresa onde Jacqueline trabalhava, entregou à polícia um suposto diploma de biomedicina em nome da técnica. O documento, datado de 26 de abril de 2022, teria sido emitido pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera e conferia a Jacqueline o direito de “exercer todos os direitos e prerrogativas legais” decorrentes da formação.
No entanto, a instituição de ensino negou veementemente ter emitido tal diploma. Em nota oficial, a universidade afirmou: “A instituição não emitiu certificado de conclusão de curso de graduação, de qualquer natureza, para a Jacqueline Iris Bacellar de Assis”. A declaração caiu como uma bomba, levantando suspeitas sobre a autenticidade do documento e a real qualificação de Jacqueline.
As autoridades rapidamente entraram em ação. Na última segunda-feira (14), Jacqueline foi alvo de uma operação policial, mas conseguiu escapar e encontra-se foragida desde então. A Polícia Civil está empenhada em localizá-la e esclarecer os detalhes dessa trama que coloca em xeque a credibilidade dos serviços de saúde.
O PSC Lab Saleme, por sua vez, afirma que Jacqueline apresentou o diploma de biomedicina e uma carteira profissional com habilitação em patologia clínica ao ser contratada. A empresa chegou a fornecer aos investigadores o print de uma conversa em que a técnica teria enviado o suposto diploma da Unopar. Agora, a clínica encontra-se no centro das atenções, com questionamentos sobre seus processos de contratação e verificação de documentos.
A situação se torna ainda mais intrigante ao analisar o registro profissional de Jacqueline. Ela está inscrita no Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ) como técnica de patologia clínica, uma profissional de nível médio. No entanto, o conselho esclarece que, para assinar laudos, é necessário ter uma formação acadêmica de nível superior. Esse fato levanta a possibilidade de que Jacqueline possa ter assinado laudos sem a devida qualificação, colocando em risco a saúde e a vida de pacientes.
O escândalo ganhou ainda mais proporções quando se descobriu que a assinatura de Jacqueline aparece em um dos laudos que atestaram erroneamente que dois doadores de órgãos não tinham HIV. Essa revelação chocante levanta questões sobre a competência e a ética dos profissionais envolvidos e coloca em dúvida a confiabilidade dos resultados emitidos pelo laboratório.
A investigação policial segue em andamento, com a colaboração do Conselho Regional de Farmácia e do Conselho Federal de Farmácia. O objetivo é desvendar toda a verdade por trás desse caso e responsabilizar aqueles que colocaram vidas em risco ao permitir que uma profissional sem a devida formação atuasse em uma área tão sensível.
Esse escândalo serve como um alerta sobre a importância da fiscalização rigorosa dos profissionais de saúde e da verificação minuciosa de seus diplomas e qualificações. A saúde e a vida das pessoas não podem ser colocadas nas mãos de indivíduos que se passam por especialistas sem ter a formação necessária. É fundamental que haja um sistema robusto de verificação e controle para garantir que apenas profissionais devidamente capacitados e éticos atuem na área da saúde.
Enquanto Jacqueline Iris Bacellar de Assis continua foragida, a sociedade clama por respostas e por justiça. Os órgãos competentes devem agir com rapidez e transparência para esclarecer os fatos e punir os responsáveis por essa fraude que abalou a confiança nos serviços de saúde. Somente assim será possível restaurar a credibilidade do sistema e garantir que a população receba o atendimento de qualidade que merece.
Que esse caso sirva de lição para que haja um maior rigor na contratação e supervisão de profissionais da saúde, especialmente em áreas críticas como a análise clínica e a emissão de laudos. A vigilância constante e a ética inabalável devem ser os pilares de um sistema de saúde confiável e eficiente, capaz de proteger e cuidar da população de forma íntegra e responsável.
Fonte: G1 – Rio de Janeiro