Gisele Pelicot, de 72 anos, viveu um verdadeiro pesadelo por 10 anos sem sequer saber. Seu marido, Dominique Pelicot, a dopava de duas a três vezes por semana com uma combinação de sedativos misturados ao jantar. Em seguida, ele oferecia o corpo desacordado da esposa em um site que promovia atividades ilegais para que outros homens a estuprassem.
A francesa enfrentou problemas inexplicáveis de saúde durante esse período, como apagões de memória, queda de cabelo e de peso. Quando sua fala começou a enrolar, chegou a pensar que pudesse estar com um tumor no cérebro. Jamais desconfiou do homem com quem estava casada há 50 anos e que era pai dos seus três filhos.
O caso só veio à tona em setembro de 2020, quando Dominique foi preso por filmar por baixo da saia de três mulheres em um supermercado. A polícia encontrou mais de 20 mil fotos e vídeos do abuso sofrido por Gisele. Após dois anos de investigação, 50 dos mais de 70 estupradores foram identificados, todos moradores locais ou de cidades vizinhas.
No julgamento, que corre em Avignon, Gisele decidiu abrir mão do anonimato geralmente concedido a vítimas de estupro na França. Ela se tornou um símbolo da luta das mulheres contra o abuso sexual no país. Dominique confessou os crimes em depoimento, pedindo desculpas à ex-esposa. Já Gisele afirmou: “Não existe perdão. Esses homens são imorais”.
Os acusados, que tentam se esconder das câmeras, enfrentam até 20 anos de prisão, a pena máxima para estupro na França. O caso trouxe à tona a importância de expor esse tipo de crime, muitas vezes encoberto pelo sigilo dos julgamentos.
Fonte: G1 – Fantástico