Uma megaoperação deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, neste domingo (22), revelou uma teia criminosa que chocou até os investigadores mais experientes. Batizada de “Operação Povo de Israel”, a ação teve como alvo principal detentos de diversas unidades prisionais do estado, que comandavam um esquema de golpes conhecido como “falso sequestro”, movimentando cifras milionárias e aterrorizando famílias em todo o país.
A investigação, que durou meses e contou com o apoio da Polícia Penal, descobriu que os criminosos, mesmo atrás das grades, conseguiam orquestrar golpes extremamente elaborados e lucrativos. Utilizando celulares contrabandeados para dentro dos presídios, os presos entravam em contato com as vítimas, geralmente familiares de outros detentos, e simulavam situações de sequestro, exigindo quantias exorbitantes em troca da suposta libertação do ente querido.
O modus operandi dos golpistas era assustadoramente convincente. Eles se passavam por membros de facções criminosas rivais e alegavam ter sequestrado parentes dos alvos durante visitas aos presídios. Com ameaças de violência e até mesmo de morte, os bandidos coagiam as vítimas a realizar transferências bancárias imediatas, muitas vezes para contas de laranjas, dificultando o rastreamento do dinheiro.
As quadrilhas contavam com uma estrutura organizada dentro e fora das cadeias. Enquanto os líderes comandavam as ações de dentro das celas, comparsas em liberdade auxiliavam na movimentação financeira e na lavagem do dinheiro obtido ilicitamente. Estima-se que o golpe do “falso sequestro” tenha movimentado milhões de reais nos últimos anos, deixando um rastro de vítimas em pânico e famílias desestruturadas.
A Operação “Povo de Israel”, que mobilizou centenas de agentes policiais, cumpriu mandados de busca e apreensão em diversas unidades prisionais do Rio de Janeiro. Celulares, chips, documentos e outros materiais que comprovam a atuação criminosa foram apreendidos, e dezenas de presos foram isolados e transferidos para presídios de segurança máxima. A polícia também identificou funcionários públicos suspeitos de facilitar a entrada de celulares nos presídios, que serão investigados por corrupção.
O secretário de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro, em entrevista coletiva, ressaltou a importância da operação para o combate ao crime organizado dentro dos presídios. “Não podemos permitir que criminosos continuem a agir impunemente, mesmo estando atrás das grades. A Operação ‘Povo de Israel’ é uma resposta contundente do Estado a essas quadrilhas que aterrorizam a população. Vamos intensificar as ações de inteligência e o rigor nas revistas para impedir a entrada de celulares e outros itens proibidos nas cadeias”, afirmou o secretário.
A descoberta do esquema criminoso do “falso sequestro” evidencia a necessidade de uma profunda reforma no sistema penitenciário brasileiro. É inaceitável que presos tenham acesso a celulares e possam comandar golpes milionários de dentro das cadeias, colocando em risco a segurança da população e a credibilidade das instituições. É preciso investir em medidas de segurança mais eficientes, como bloqueadores de sinal de celular, scanner corporal e treinamento adequado para os agentes penitenciários, a fim de impedir a atuação de facções criminosas nos presídios.
A sociedade clama por justiça e por um sistema prisional que cumpra seu papel de ressocialização e punição dos criminosos. A Operação “Povo de Israel” representa um passo importante nessa direção, mas é fundamental que as autoridades mantenham a vigilância constante e o combate implacável ao crime organizado dentro e fora das cadeias. Somente assim, poderemos construir um Brasil mais seguro e justo para todos os cidadãos.
Fonte: G1 – Rio de Janeiro