Na noite deste sábado (12), uma cena de generosidade e alegria transformou-se em um cenário de horror e violência nas ruas do bairro Matadouro, em Campo Maior, a 79 km de Teresina. João Pedro Paz da Silva e sua companheira, Estefanny Layara da Silva Alves, foram brutalmente assassinados a tiros enquanto entregavam doces para crianças da região. A polícia suspeita que o casal estivesse envolvido com o tráfico de drogas, o que pode ter motivado o crime.
Segundo relatos de testemunhas, João Pedro e Estefanny estavam em uma quadra, distribuindo bombons para as crianças da vizinhança, espalhando sorrisos e alegria. No entanto, ao voltarem para casa, na Rua São José, dois homens encapuzados em uma motocicleta surgiram de um matagal próximo e abriram fogo contra o casal.
“Eles estavam entregando bombons para as crianças em uma quadra e, quando voltavam para casa, os homens se aproximaram e atiraram. O casal chegou a correr, mas o João Pedro caiu morto no chão. A Estefanny conseguiu chegar em casa e foi levada ao hospital”, relatou o tenente Cunha, comandante da Força Tática do 15º Batalhão de Polícia Militar (BPM).
Estefanny, baleada e em estado grave, foi socorrida e levada às pressas para o Hospital Regional de Campo Maior. No entanto, devido à gravidade dos ferimentos, ela não resistiu e faleceu horas depois. A morte do casal, que deixou a comunidade em choque, trouxe à tona suspeitas sobre seu envolvimento com o tráfico de drogas.
De acordo com o 15º BPM, João Pedro e Estefanny eram conhecidos na região por venderem entorpecentes em sua própria residência. O tenente Cunha revelou que esta foi a terceira tentativa de execução contra João Pedro, que havia conseguido escapar das duas anteriores. “Ele também é suspeito de integrar uma facção criminosa e tem passagens por tráfico”, completou o tenente.
A crueldade do crime e a suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas levantam questionamentos sobre a realidade enfrentada pelos moradores do bairro Matadouro e de tantas outras comunidades assoladas pela violência e pelo crime organizado. A entrega de doces para as crianças, um gesto aparentemente inocente e generoso, agora é visto sob uma ótica sombria, como uma possível estratégia para encobrir atividades ilícitas.
As ruas de Campo Maior, que deveriam ser palco de brincadeiras infantis e de uma convivência pacífica, transformaram-se em um campo de batalha, onde a lei do mais forte impera e a vida é ceifada de forma brutal. O assassinato de João Pedro e Estefanny é mais um capítulo na triste história da violência que assola o país, expondo as falhas de um sistema que falha em proteger seus cidadãos e em oferecer oportunidades para que jovens não sejam seduzidos pelo crime.
Enquanto a polícia inicia as investigações para identificar e capturar os atiradores, que fugiram sem deixar pistas, a comunidade do bairro Matadouro se une em luto e indignação. As crianças, que momentos antes sorriam ao receber os doces das mãos de João Pedro e Estefanny, agora choram a perda de duas vidas e a inocência roubada pela violência.
O caso, registrado na Polícia Civil do Piauí (PCPI), é um alerta sobre a necessidade urgente de se combater não apenas o tráfico de drogas, mas também as raízes profundas da criminalidade. É preciso investir em educação, em oportunidades de emprego e em políticas públicas efetivas para que jovens como João Pedro e Estefanny não sejam atraídos para o caminho do crime e tenham a chance de construir um futuro digno e longe da violência.
Enquanto isso não acontece, cenas como a vivida em Campo Maior continuarão a se repetir, transformando gestos de generosidade em tragédias e deixando um rastro de dor e sofrimento em comunidades já tão castigadas pela desigualdade e pela falta de perspectivas. Resta agora lutar por justiça, por uma sociedade mais igualitária e por um futuro em que doces possam ser entregues a crianças sem que a sombra da violência e do crime os macule.
Fonte: G1 Piauí