Em uma decisão surpreendente, a Justiça anulou o julgamento de Paulo Cupertino, acusado de assassinar brutalmente o ator Rafael Miguel e seus pais em junho de 2019. A reviravolta no caso que chocou o país teve como base uma falha técnica durante a sessão do júri, realizada em maio deste ano, na qual Cupertino foi condenado a 76 anos de prisão.
O juiz Nelson Ferreira Filho, responsável pela sentença, acatou um pedido da defesa e decretou a nulidade do julgamento, determinando que um novo júri seja realizado. A decisão pegou de surpresa os familiares das vítimas, que esperavam um desfecho definitivo para o caso que já se arrasta há mais de cinco anos.
A tragédia que tirou a vida do jovem ator Rafael Miguel, de apenas 22 anos, e de seus pais, João Alcisio Miguel, de 52 anos, e Miriam Selma Miguel, de 50 anos, abalou o país e levantou questionamentos sobre a violência motivada por relacionamentos amorosos. Rafael, que ficou conhecido por seu papel na novela “Chiquititas”, do SBT, estava acompanhado dos pais quando foi executado por Paulo Cupertino, pai de sua namorada, Isabela Tibcherani.
Os detalhes do crime são estarrecedores. Cupertino, inconformado com o namoro da filha com Rafael, armou uma emboscada para a família do ator. Ao chegarem à casa de Isabela, Rafael e seus pais foram recebidos a tiros pelo comerciante, que fugiu logo em seguida. A cena do crime, com os corpos das vítimas caídos na calçada, chocou a população e mobilizou as autoridades em uma caçada implacável ao assassino.
Após mais de um ano foragido, Paulo Cupertino foi finalmente capturado em agosto de 2020, enquanto tentava atravessar a fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Sua prisão trouxe alívio temporário para a família das vítimas e para a sociedade, que clamava por justiça. No entanto, o julgamento do acusado, realizado em maio deste ano, foi marcado por uma falha técnica que comprometeu a validade do veredicto.
Segundo a defesa de Cupertino, uma das testemunhas arroladas pela acusação não foi devidamente notificada para comparecer ao julgamento, o que configura uma violação ao direito do réu de confrontar as provas apresentadas contra ele. O juiz Nelson Ferreira Filho, ao analisar o pedido de anulação, reconheceu a falha processual e determinou a realização de um novo júri.
A decisão da Justiça reacendeu a dor e a revolta dos familiares das vítimas, que agora terão que enfrentar mais uma vez o longo e desgastante processo de um novo julgamento. A mãe de Rafael, Miriam Selma Miguel, que também foi brutalmente assassinada, era uma defensora ferrenha da justiça e lutava incansavelmente para que o responsável pela morte de seu filho e marido fosse punido.
O caso de Rafael Miguel é um triste reflexo da violência que assola o país e da necessidade de medidas mais efetivas para combater crimes motivados por questões passionais. A anulação do julgamento de Paulo Cupertino não apaga a dor e o sofrimento causados por suas ações, mas ressalta a importância de um processo judicial justo e livre de falhas técnicas.
Enquanto aguardam a data do novo júri, os familiares e amigos de Rafael Miguel se apegam à esperança de que a justiça seja feita e que a memória do jovem ator e de seus pais seja honrada. A sociedade brasileira acompanha de perto cada desdobramento desse caso emblemático, ansiando por um desfecho que traga paz e conforto para aqueles que tiveram suas vidas destroçadas pela violência insana de Paulo Cupertino.
Fonte: G1 – Jornal Nacional