A influenciadora digital Cíntia Chagas, conhecida por sua forte presença nas redes sociais, chocou o país ao denunciar o deputado estadual Lucas Bove por violência doméstica. O caso, que veio à tona após a concessão de medidas protetivas pela Justiça de São Paulo, expõe um relacionamento marcado por ciúmes, controle excessivo e agressões físicas e psicológicas.
Cíntia, que construiu uma carreira de sucesso como influenciadora, jamais imaginou que viveria um pesadelo ao se envolver com Lucas Bove, deputado eleito pelo Partido Liberal e ferrenho apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. O que parecia ser um conto de fadas rapidamente se transformou em um cenário de terror, com a jovem sendo submetida a um ciclo de violência e humilhações.
Em depoimento à Polícia Civil, Cíntia relatou que o controle exercido por Lucas sobre sua vida começou logo no início do relacionamento. O deputado, consumido pelo ciúme doentio, exigia saber a localização da influenciadora a todo momento, chegando ao ponto de solicitar provas, como fotos e notas fiscais, para confirmar onde ela estava. As chamadas de vídeo constantes eram uma forma de Lucas vigiar os passos de Cíntia, cerceando sua liberdade e prejudicando sua vida profissional.
Além da violência psicológica, a influenciadora também revelou episódios chocantes de agressões físicas. Em um dos relatos, Cíntia contou que Lucas desenvolveu o hábito de apertar partes de seu corpo com tanta força que deixava lesões visíveis. O ápice do terror ocorreu quando o deputado, em um acesso de fúria, arremessou uma faca na direção da jovem. O objeto atingiu o chão antes de acertar sua perna, provocando um ferimento que serviu como prova concreta da violência sofrida.
As humilhações públicas também fizeram parte do calvário vivido por Cíntia. Durante um casamento no interior de São Paulo, Lucas teria forçado a influenciadora a tirar fotos ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, apenas para depois expulsá-la da festa de forma agressiva. Em diversas ocasiões, o deputado desmerecia a inteligência de Cíntia, chamando-a de “burra” e insinuando que seu sucesso se devia apenas à sua beleza física.
Diante das evidências apresentadas, a Justiça de São Paulo concedeu medidas protetivas em favor de Cíntia Chagas. Lucas Bove está proibido de se aproximar da influenciadora e de seus familiares, além de ser impedido de manter qualquer tipo de comunicação com ela. O descumprimento dessas determinações pode resultar na prisão preventiva do deputado.
A advogada Gabriela Manssur, especialista em direitos das mulheres e representante de Cíntia, classificou a atitude da influenciadora em denunciar as agressões como um ato de coragem e sobrevivência. “Cíntia escolheu a si própria, evitando maiores prejuízos à sua vida e também à sua carreira construída com muito esforço e dedicação”, declarou Manssur, aguardando a conclusão do inquérito e o posicionamento do Ministério Público sobre o caso.
Lucas Bove, por sua vez, utilizou suas redes sociais para se manifestar, alegando estar proibido de comentar o caso e afirmando que “no momento certo, a verdade será restabelecida”. A defesa do deputado foi contatada, mas ainda não se pronunciou sobre as acusações.
O caso de Cíntia Chagas e Lucas Bove é mais um exemplo da triste realidade enfrentada por milhares de mulheres vítimas de violência doméstica no Brasil. A coragem da influenciadora em romper o silêncio e buscar ajuda é um passo fundamental para encorajar outras mulheres a denunciarem seus agressores e a lutarem por justiça.
A sociedade clama por medidas mais efetivas no combate à violência contra a mulher, exigindo que as autoridades sejam implacáveis na punição dos agressores, independentemente de sua posição social ou política. Apenas com a união de esforços e a conscientização de todos poderemos construir um futuro onde nenhuma mulher precise viver com medo dentro de seu próprio lar.
Fonte: G1 São Paulo