Uma operação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) sacudiu o mundo do futebol neste domingo (5). O alvo principal foi o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, suspeito de envolvimento em um esquema de manipulação de apostas esportivas. Agentes federais e promotores cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao jogador, incluindo sua residência na Barra da Tijuca, o centro de treinamento do clube, conhecido como Ninho do Urubu, e a sede do Flamengo na Gávea.
A investigação, que corre em segredo de justiça, teve início após uma comunicação feita pela Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Relatórios da International Betting Integrity Association (Ibia) e da Sportradar, empresas especializadas em análise de risco em apostas esportivas, apontaram um volume atípico de apostas em um jogo específico entre Flamengo e Santos, válido pelo Campeonato Brasileiro de 2023. Os dados obtidos junto às casas de apostas, por intermédio do Ministério da Fazenda, indicaram que parentes de Bruno Henrique apostaram que ele receberia um cartão amarelo durante a partida, fato que acabou se concretizando.
As suspeitas recaem sobre uma jogada ocorrida aos 50 minutos do segundo tempo, quando Bruno Henrique cometeu uma falta dura sobre o atacante Soteldo, do Santos, recebendo o cartão amarelo. Insatisfeito com a punição, o jogador do Flamengo partiu para cima do árbitro Rafael Klein de forma ríspida, resultando em um segundo cartão amarelo e, consequentemente, sua expulsão. O Flamengo acabou perdendo a partida por 2 a 1.
Paralelamente às investigações da Polícia Federal, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) também apurou a conduta de Bruno Henrique. Em setembro deste ano, o tribunal arquivou o procedimento, entendendo que a jogada que resultou no cartão amarelo foi um lance comum e que o lucro obtido com as apostas seria ínfimo. No entanto, com as novas evidências trazidas pela operação conjunta da PF e do MPRJ, o caso pode ser reaberto.
O Flamengo, por meio de sua assessoria de imprensa, manifestou apoio ao atleta, afirmando que Bruno Henrique desfruta da confiança do clube e que, como qualquer pessoa, tem direito à presunção de inocência. O jogador seguirá treinando normalmente e viajará com a delegação para Belo Horizonte, onde o Flamengo enfrentará o Atlético-MG pela final da Copa do Brasil.
O escândalo envolvendo Bruno Henrique levanta questionamentos sobre a integridade do futebol brasileiro e a influência das apostas esportivas no resultado das partidas. A manipulação de resultados é um crime previsto na Lei Geral do Esporte, com pena de 2 a 6 anos de reclusão. Caso as investigações comprovem o envolvimento do atacante no esquema, ele poderá enfrentar sérias consequências legais e esportivas.
O episódio serve de alerta para a necessidade de um monitoramento rigoroso e constante das apostas esportivas, a fim de coibir práticas ilícitas que ameacem a credibilidade e a justiça do esporte. É fundamental que as autoridades esportivas e os órgãos de investigação trabalhem em estreita colaboração para identificar e punir eventuais infratores, preservando assim a integridade das competições e a confiança dos torcedores.
O desenrolar das investigações será acompanhado de perto por fãs, jornalistas e especialistas do mundo do futebol. O caso de Bruno Henrique pode se tornar um marco na luta contra a manipulação de resultados no esporte, reforçando a importância da ética, da transparência e do jogo limpo. Afinal, o futebol, como paixão nacional, merece ser disputado de forma honesta e justa, livre de interesses escusos e influências externas.
Fonte: G1 – Rio de Janeiro