A Polícia Federal está investigando em sigilo uma rede de venda de sentenças que envolve até mesmo funcionários de gabinetes de quatro ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a segunda Corte mais importante do país. A descoberta ocorreu após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em Cuiabá, cujo celular continha provas de um esquema de corrupção no Judiciário.
Mensagens encontradas no aparelho revelaram a existência de um grupo que subornava juízes e desembargadores, negociando decisões judiciais. Rascunhos das decisões dos magistrados, conhecidos como minutas, eram repassados por funcionários dos gabinetes a lobistas e advogados. Se a propina fosse paga, a minuta se tornava o veredicto final. Caso contrário, era modificada para beneficiar a parte contrária.
Os ministros Isabel Gallotti, Og Fernandes, Nancy Andrighi e Moura Ribeiro tiveram seus nomes citados nas mensagens. Até o momento, não há evidências de que eles estivessem cientes ou tenham se beneficiado do esquema. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) encaminhou o caso à PF e à presidência do STJ, que confirmou a abertura de investigações internas.
O CNJ também apura o envolvimento de um juiz e já afastou dois desembargadores de Mato Grosso por suspeitas de participação no esquema. As investigações ganharam um novo capítulo após o depoimento do advogado Rodrigo de Alencastro, que relatou uma suposta tentativa de extorsão envolvendo uma lista de processos que seriam julgados pela ministra Nancy Andrighi.
O caso levanta suspeitas sobre a integridade do sistema judiciário brasileiro e a necessidade de uma apuração rigorosa para identificar e punir os responsáveis por esse esquema de corrupção.
Fonte: Revista Veja