Em uma decisão surpreendente que reacendeu as discussões em torno do brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou, neste sábado (21), que os réus Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz sejam novamente interrogados pela Justiça. A medida, que pegou de surpresa advogados e familiares das vítimas, visa esclarecer pontos controversos do caso que chocou o país em março de 2018.
A decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, atendeu a um pedido da defesa de Ronnie Lessa, acusado de efetuar os disparos que tiraram a vida de Marielle e Anderson. Os advogados argumentaram que o interrogatório anterior de Lessa foi realizado de forma precária, por videoconferência, devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Agora, com a determinação do STF, tanto Lessa quanto Élcio de Queiroz, acusado de dirigir o carro usado na emboscada, terão a oportunidade de serem ouvidos presencialmente pela Justiça.
A notícia provocou reações mistas entre os envolvidos no caso. Familiares e apoiadores de Marielle Franco expressaram preocupação com a possibilidade de manobras da defesa para tumultuar o processo e adiar o julgamento dos réus. No entanto, ressaltaram a importância de se esgotar todas as possibilidades de esclarecimento dos fatos, a fim de se fazer justiça pela execução brutal da vereadora e seu motorista.
Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, manifestou-se nas redes sociais, reafirmando sua confiança na Justiça e na força das provas obtidas ao longo das investigações. “Nada apagará a verdade sobre o assassinato de Marielle e Anderson. Os culpados serão responsabilizados, e a memória deles será honrada. Seguimos firmes na luta por justiça”, escreveu Mônica em sua conta no Twitter.
A execução de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorrida em 14 de março de 2018, abalou profundamente a sociedade brasileira e repercutiu internacionalmente. Marielle, vereadora pelo PSOL e defensora incansável dos direitos humanos, foi alvejada por diversos tiros quando voltava de um evento no centro do Rio de Janeiro. As investigações apontaram para a participação de milicianos e seu envolvimento com políticos influentes, levantando suspeitas de motivações políticas por trás do crime.
Desde então, o caso tem sido marcado por reviravoltas, denúncias de interferências e cobranças por respostas conclusivas. A prisão de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, em março de 2019, foi considerada um avanço significativo nas investigações, mas muitas perguntas ainda permanecem sem resposta. Quem ordenou a execução de Marielle e Anderson? Qual a extensão da participação de políticos e milicianos no crime? São questões que a sociedade brasileira anseia por ver esclarecidas.
A determinação do STF para um novo interrogatório dos réus é mais um capítulo dessa história que já se arrasta por mais de seis anos. Enquanto familiares, amigos e admiradores de Marielle Franco aguardam por justiça, a sociedade clama por transparência e celeridade no processo. O legado de luta e resistência deixado pela vereadora permanece vivo, inspirando movimentos em defesa dos direitos humanos e da democracia em todo o país.
Espera-se que, com o novo interrogatório, a verdade sobre a execução de Marielle Franco e Anderson Gomes seja finalmente revelada, e os responsáveis, não apenas os executores, mas também os mandantes, sejam levados à Justiça. Somente assim será possível honrar a memória dessas duas vidas brutalmente interrompidas e restaurar a confiança nas instituições democráticas do país.
Fonte: G1 – Rio de Janeiro