Um levantamento realizado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) revelou um dado alarmante: cerca de 5.500 corpos de vítimas de crimes violentos continuam desaparecidos no estado. Esse número representa uma tragédia oculta, que prolonga o sofrimento de milhares de famílias que buscam por respostas e pelo direito de enterrar seus entes queridos.
Segundo o MP-RJ, práticas de ocultação de cadáveres, subnotificação de óbitos e falhas na comunicação com as famílias das vítimas contribuem para essa triste realidade. O estado é responsável por 20% dos casos de desaparecidos em todo o país, com o Instituto de Pesquisa e Perícia em Genética Forense da Polícia Civil (IPPGF-PC) emitindo até 2,5 mil laudos de DNA por ano.
O gestor do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos do MP-RJ, André Luiz Souza Cruz, ressalta que o estado tem a obrigação de procurar os desaparecidos até que sejam localizados. Famílias já estão ajuizando ações contra o Rio de Janeiro por omissão ou negligência nesse processo.
O documentário “Paradeiros”, que estreou no Festival de Cinema do Rio, aborda essa questão ao contar a história de uma mãe que perdeu o filho em uma chacina promovida pela milícia. Mesmo após reconhecer parte do corpo do filho no IML, ela nunca soube onde ele foi enterrado devido à perda de registros por parte das autoridades.
Essa situação demonstra a necessidade urgente de medidas efetivas para localizar e identificar os desaparecidos, garantindo o direito das famílias à verdade e ao luto. O estado precisa investir em recursos tecnológicos e humanos para enfrentar esse desafio, além de aprimorar a comunicação com os familiares das vítimas. Somente assim será possível amenizar a dor dessa tragédia oculta que assola o Rio de Janeiro.
Fonte: G1 – Rio de Janeiro