Uma revelação chocante abalou os alicerces da Companhia de Jesus na Colômbia e expôs uma história sombria de abuso sexual e encobrimento dentro da Igreja Católica. Durante um fórum sobre pedofilia organizado pelos jesuítas em Bogotá, Luis Fernando Llano, um homem de 54 anos, denunciou publicamente ter sido vítima de abusos sexuais cometidos pelo padre Darío Chavarriaga em 1976, quando tinha apenas 14 anos. O caso, que permaneceu encoberto por décadas, agora vem à tona, lançando luz sobre a omissão e a cumplicidade de líderes religiosos diante de crimes tão graves.
Llano, em um ato de coragem e determinação, compartilhou sua dolorosa experiência no fórum, revelando que não apenas ele, mas também suas sete irmãs foram abusadas sexualmente pelo sacerdote. O abuso ocorreu quando Llano estudava no prestigiado Colégio São Bartolomeu de Bogotá, onde Chavarriaga ocupava uma posição de liderança. Aproveitando-se da confiança da família e da vulnerabilidade das crianças, o padre cometeu atos horrendos que marcaram para sempre a vida de suas vítimas.
O que torna esse caso ainda mais chocante é o fato de que Llano já havia denunciado o abuso em 2014 ao então chefe da comunidade jesuíta na Colômbia, Francisco de Roux, uma figura reconhecida por seu trabalho em prol da paz. No entanto, apesar da gravidade da denúncia, nenhuma ação concreta foi tomada para levar o padre Chavarriaga à justiça. Llano também buscou ajuda junto ao sacerdote alemão Hans Zollner, especialista em combate à pedofilia e próximo ao papa Francisco, mas novamente suas súplicas por justiça foram ignoradas.
Somente agora, quase 50 anos após os crimes e 10 anos desde a denúncia inicial, o atual chefe dos jesuítas na Colômbia, Hermann Rodríguez, admitiu publicamente o acobertamento do caso. Em entrevista à W Radio, Rodríguez reconheceu que o padre Chavarriaga havia cometido os abusos dos quais foi acusado e que Francisco de Roux, apesar de ter conhecimento da situação, limitou-se a destituir o abusador de seu cargo na Universidade Javeriana de Bogotá e transferi-lo para uma casa onde não poderia sair. No entanto, nenhuma medida foi adotada para levar o criminoso à justiça.
Esse caso evidencia uma cultura de silêncio e cumplicidade que por muito tempo permeou a Igreja Católica em relação aos abusos sexuais cometidos por membros do clero. A omissão de líderes religiosos diante de denúncias tão graves é inaceitável e contribui para perpetuar o sofrimento das vítimas, que carregam consigo as cicatrizes emocionais e psicológicas desses crimes hediondos.
É imperativo que a Igreja Católica, não apenas na Colômbia, mas em todo o mundo, adote uma postura firme e transparente no combate à pedofilia em suas fileiras. Os abusadores devem ser imediatamente afastados de suas funções, denunciados às autoridades competentes e submetidos às devidas punições legais. Além disso, é fundamental que a Igreja ofereça apoio e acolhimento às vítimas, garantindo que elas recebam a assistência necessária para lidar com os traumas decorrentes dos abusos.
O caso de Luis Fernando Llano e suas irmãs é um lembrete doloroso de que a luta contra a pedofilia na Igreja ainda está longe de chegar ao fim. É preciso quebrar o silêncio, expor a verdade e exigir justiça para todas as vítimas. Somente assim será possível construir uma Igreja mais transparente, segura e comprometida com a proteção dos mais vulneráveis. Que a coragem de Llano em compartilhar sua história inspire outras vítimas a denunciar seus abusadores e a lutar por seus direitos. Chegou a hora de dizer basta ao acobertamento e à impunidade dentro da Igreja Católica.
Fonte: G1 Mundo